Há uma lista com seis cientistas portugueses na Highly Cited Researchers 2015, divulgada pela Thomson Reuters, onde constam os 3126 cientistas que estão a influenciar a ciência a nível mundial, e nela consta o nome de seis cientistas portugueses, um dos quais é Isabel Ferreira, docente e investigadora do Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança. A cientista está a dar cartas na área da química alimentar e na descoberta de novas moléculas nos cogumelos e nas plantas da região de Bragança, de onde é natural, para criar conservantes e corantes naturais.
Os outros cinco cientistas portugueses são os professores Mário Figueiredo e José Bioucas Dias, que trabalham como investigadores no Instituto de Telecomunicações (IT), no Instituto Superior Técnico; Delfim Torres, do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro, que fez nascer nesse departamento uma “parte fulcral” chamada ‘controlo ótimo fracionário’, com muita aplicação na biologia e na medicina; Miguel Araújo, um dos especialistas mundiais nos estudos de impacto das alterações climáticas sobre as espécies e a sua conservação; e Nuno Peres, do Centro de Física da Universidade do Minho, o investigador português com mais citações nesta lista anual ISI Thomson Reuters (16.339) que já trabalhou com os dois cientistas russos que em 2010 ganharam o Nobel da Física.
Não é a localização que determina a qualidade do trabalho mas sim as condições existentes.
A presença de investigadores nacionais no ranking ‘Highly Cited Researchers’ é um bom indicador da qualidade e do impacto internacional da ciência que é feita em Portugal. Para poder estar nesta lista é preciso que a publicação dos trabalhos tivesse sido não só lida, como também citada em novos trabalhos de outros cientistas.
Cogumelos e plantas brigantinos
Isabel Ferreira tem um notável percurso académico e ainda antes dos 30 anos já estava doutorada. Estudou Bioquimíca na Universidade do Porto, doutorou-se em Química na Universidade do Minho, e assim que pôde regressou à terra natal para fazer aquilo que sempre quis: seguir a carreira de ensino superior associada à investigação. “Estou aqui por opção”, esclarece. Isabel é um vivo exemplo de que nem sempre o interior do país é inimigo da investigação e da realização profissional. “Bragança é um local ideal para fazer investigação. Não é a localização que determina a qualidade do trabalho mas sim as condições existentes, e eu tenho uma equipa jovem, dinâmica, muito empenhada, com excelentes investigadores. No Centro de Investigação de Montanha temos excelentes recursos para a investigação. Depois, só é preciso ter capacidade de trabalho e dedicação”.
Isabel Ferreira é vista como a cientista que “está a desbravar uma das áreas mais dinâmicas na investigação agroalimentar”.
A linha de investigação a que Isabel se dedicou é a dos cogumelos e plantas para o desenvolvimento de novos produtos. E para encontrar uma forma de substituir os compostos sintéticos na indústria alimentar, que não são tão benéficos para saúde, decidiu estudar espécies de cogumelos e plantas do nordeste transmontano para identificar novas moléculas capazes de os substituir. O estudo de alternativas saudáveis, a base de dados que já criou com todas as espécies de cogumelos e mais de 130 plantas da região transmontana, o estudo exaustivo de moléculas com “interesse bioativo”, e os resultados que já conseguiu sobre “alimentos funcionais que têm substâncias quimiopreventivas”, têm captado a atenção de outros cientistas no mundo.
Isabel Ferreira é vista como a cientista que “está a desbravar uma das áreas mais dinâmicas na investigação agroalimentar”. Já em 2014 ficou em primeiro lugar no ranking Agricultural Sciences Universities. Ao integrar agora a lista mundial dos cientistas mais citados do mundo, com mais 4338 citações, a investigadora vê com satisfação que se está a posicionar no centro da investigação internacional da sua área.